Modo Automático

 

crônica modo automático Carol Doria

Tudo está exatamente igual ao dia em que você partiu. Sua toalha continua jogada em cima da cama, sua camisa amassada no meio do quarto, suas meias jogadas no chão. Não consegui e nem pude tirar nada do lugar. A cama fica tão vazia sem você dormindo do meu lado. Não posso aceitar que você foi embora e que mais nada será igual.

Sinto falta de acordar com você do meu lado, me dando bom dia com o seu cabelo desarrumado, o sol batendo na janela e o mundo todo gritando lá fora. Sinto falta da nossa correria todas as manhãs, dos nossos cafés tomados no elevador e do beijo de despedida no metrô. Como é que tudo isso pode acabar de uma hora pra outra? Deve ter algum jeito de começar de novo, começar do zero. Deve ter um jeito de deixar todos os meus fantasmas para trás.

Os dias passam, e o mundo continua girando. A vida dos outros continua passando, e eu aqui congelada nesse momento, vivendo em modo automático.

Você já não está mais aqui, e eu não consigo imaginar como vou viver sem você. Eu acostumei com você na minha vida, e agora nada mais tem sentido. Devia ter brigado menos, chorado menos e amado mais. Devia ter viajado mais, ter rido mais, ter vivido mais. Se eu pudesse voltar o tempo, teria feito todas as coisas que não fiz, só pra poder ter mais tempo com você.

Se eu fechar meus olhos você estará aqui comigo? Fecho os olhos para lembrar você e esqueço do mundo. Faria tudo pra ter você de volta, nem que fosse apenas um minuto. Eu preciso lembrar de você pra poder lembrar de mim.

Você foi a minha vida, e eu fui a sua. Se ao menos você pudesse voltar, eu juro que faria tudo diferente. Meu coração continua sendo seu, mesmo você estando tão longe.

Por: Carol Doria.

* Esse texto é propriedade do blog Carol Doria. Toda e qualquer reprodução deve ser creditada.

 

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